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Nota de repúdio ao projeto de lei da obrigatoriedade dos desfibriladores em academias

O referido projeto é de autoria do deputado estadual Aldo Gil.

Eu, professor Demóstenes Rodrigues Ribeiro, presidente da APF-PI (Associação dos Profissionais de Educação Física do Piauí), com 40 anos de experiência prática em salas de musculação, venho a público manifestar minha posição contrária ao projeto de lei do deputado estadual Aldo Gil, que propõe a obrigatoriedade da presença de desfibriladores e equipamentos de primeiros socorros em academias de ginástica.

Durante toda minha trajetória profissional, nunca tomei conhecimento de nenhum caso de infarto seguido de morte dentro de uma academia no estado do Piauí. E reforço: em quatro décadas convivendo diariamente com professores, proprietários, gestores e alunos, jamais ouvi sequer relato de ocorrência semelhante.

Foto: Arquivo pessoal/Demóstenes RibeiroProfessor Demóstenes Ribeiro
Professor Demóstenes Ribeiro

No Brasil temos milhares de academias com milhões de frequentadores diariamente e é muito raro acontecer uma morte por infarto como aconteceu a dias atrás numa academia em Hortolândia (SP).

Portanto, trata-se de uma proposta que não encontra respaldo nas estatísticas reais. É um projeto sem lógica técnica, que não se sustenta nos dados concretos da realidade das academias piauienses. Sua aprovação significaria um ônus injustificado, principalmente para as pequenas academias do interior e de bairros, que já enfrentam dificuldades operacionais e financeiras para manterem suas atividades regulares.

Equipamentos como desfibriladores têm um custo elevado, exigem manutenção periódica e capacitação técnica para o uso correto. Imputar essa responsabilidade a estabelecimentos que, na prática, não registram esse tipo de demanda médica, é criar uma barreira que pode inviabilizar o funcionamento de muitas academias. E isso, sim, traz um risco real à saúde pública, pois desestimula o o da população à prática regular de atividade física – uma das mais eficazes estratégias de prevenção de doenças crônicas, como o próprio infarto.

Reafirmo meu respeito ao trabalho legislativo, mas entendo que leis precisam nascer da realidade e não do sensacionalismo ou do desconhecimento técnico. Por isso, como representante dos Profissionais de Educação Física do Piauí, sou contra esse projeto de lei e seguirei 
defendendo um ambiente saudável, ível e responsável dentro das academias do nosso estado.

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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